Delegado detalha investigação do ‘Golpe do Pix’ na RecordTV Itapoan

A Polícia Civil anunciou nesta quarta-feira, 12, que o número de pessoas envolvidas no “Escândalo do Pix”, da Record TV Itapoan pode chegar a 15. Esses seriam os responsáveis por desviar o dinheiro de doações destinadas a pessoas necessitadas através de apelos em programas da emissora.

De acordo com a polícia, entre os investigados estão pessoas de fora da emissora, incluindo rifeiros. As investigações apontaram que as chaves Pix utilizadas para desviar os valores das doações estavam no nome dos suspeitos. O delegado Charles Leão, da DreofCiber, e responsável pelo caso, revelou que pediu auxílio do Banco Central.

“No total entre 3 e 15 pessoas. Algumas chaves pix utilizadas foram desativadas. Eu já pedi ao Banco Central as informações de que a que conta bancária essas chaves estavam vinculadas”, falou à imprensa.

A investigação da Polícia Civil está sendo norteada para apontar os crimes de associação criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro. “A relação do furto do autor do furto com o receptador é a mesma relação do estelionatário com lavagem de dinheiro. O fornecimento de uma chave Pix para ingressar valores, esconder valores é um sinal da possível existência de um crime de lavagem de dinheiro. Essas pessoas serão ouvidas e verificado realmente a sua culpa serão iniciados e apontado à justiça”, explicou.

Na coletiva em que detalhou as investigações, o delegado ainda fez diversos apelos para que as vítimas se apresentem à polícia. A investigação apontou o desvio de dinheiro em 11 casos de pessoas que pediram auxílio na emissora. Apesar disso, apenas quatro dessas vítimas foram ouvidas.

“Hoje nós temos 11 pessoas identificadas. quatro foram ouvidas, outros sete a gente está precisando que nos procure. É o motivo de eu estar aqui. São sete pessoas que sabemos que estiveram nessa situação e não conseguimos localizar até agora. Estou empreendendo todos os esforços necessário e estou aqui clamando que eles apareçam na delegacia”, pediu o delegado.

“Nós temos diversas vítimas que precisam aparecer. Mãe de criança com câncer, famílias que tiveram sua casa desmoronada. Menor de idade com hidrocefalia. Então são realmente pessoas que precisavam serem ajudadas. Infelizmente, ainda não temos elementos possíveis para a gente chegar até essas pessoas aqui. É um convite a todas as pessoas que foram entrevistadas, que algum repórter, ofereceu uma chave Pix, sob supostamente para fins de controle, para que essas pessoas procurem a gente na delegacia de estelionato, na Mouraria”, acrescentou.

No golpe, era oferecido um QrCode com uma chave Pix na tela enquanto o caso da pessoa carente era transmitido pela emissora. A chave não tinha como destino a conta das vítimas e sim dos suspeitos dos crimes apontas anteriormente. “Essa pessoa precisando urgentemente, essas pessoas simples, pessoas pobres, pessoas que estavam em estado de vulnerabilidade realmente, aceitavam. Depois, sem ser um processo minimamente transparente, mandava um Pix para ela, dizia, foi esse valor, pronto”, falou Leão.

O delegado ainda pontou que a Record TV Itapoan está colaborando com as investigações. “A empresa também é vítima porque ela não pode ser responsabilizada criminalmente por um ato de um funcionário. Houve várias pessoas, do alto escalão, como as pessoas mais simples. Todos acreditavam que aquela chave Pix era realmente da vítima. Não havia a chave Pix da empresa. A empresa está colaborando, não posso de forma nenhuma que não estão ajudando, inclusive, ofereceram notícia crime e pediram a abertura de inquérito”.

Inicialmente, a previsão era que procedimento fosse encerrado em 30 dias, mas a tendência é pela prorrogação. A investigação já ouviu 27 pessoas, incluindo profissionais da emissora, e tem de 3 a 15 pessoas que estão sendo investigadas. Os suspeitos ainda não prestaram depoimento.

“Eu peço a compreensão de todos, especialmente da sociedade. Afirmo que o nosso compromisso é com a verdade, e essa verdade será apontada ao poder judiciário. Então vamos tomar todas as medidas que a lei permitir para a gente identificar quem participou para que possam responder na justiça”, prometeu o delegado.

O caso

Apesar de não serem citados nominalmente pelo delegado, o repórter Marcelo Castro e o editor-chefe  do Balanço Geral, Jamerson Oliveira, foram alvos de investigações decorrentes de denúncias de fraudes cometidas por meio de transferências bancárias do tipo pix, de valores que seriam doados à pessoas em situação de vulnerabilidade social.

No dia 31 de março, a emissora demitiu Castro e Jamerson. O repórter havia acabado de retornar das férias.

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